A restauração de carros antigos tornou-se o desejo de muitos fãs de modelos antigos. Mas será que esse investimento vale a pena, ou é melhor comprar um carro novo?
Não é de hoje que muitos amantes por carros, especialmente pelos modelos antigos ou clássicos, tem o têm o sonho de restaurá-los. Mas seria esse um sonho viável financeiramente? Muitas pessoas acabam postergando a restauração de carros antigos devido à falta de informação sobre o processo, o custo envolvido e o tempo que leva para ter o veículo novinho em folha.
Inicialmente, é importante lembrar que o procedimento exige muito mais do que uma simples reforma no tipo de motor ou na troca de peças e filtros de combustível. Não estamos tratando de investimento qualquer, como comprar um carro novo ou reformar aquele que precisa de uma repaginada. É necessário muito estudo, planejamento, investimento e paciência, pois isso pode levar anos para terminar.
A restauração de carros antigos consiste basicamente em dar vida àquele modelo inativo devido ao desgaste sofrido ao longo dos anos. Para tal, o primeiro passo é levá-lo até uma oficina especializada na área.
Esse é considerado o passo mais importante, pois escolher uma boa e conceituada oficina é fundamental para que seu modelo seja bem cuidado e tenha referências com base naquilo que você idealizou.
É na oficina que os especialistas realizam um meticuloso estudo acerca das condições e o quão desgastado o seu modelo antigo está. Além disso, os mecânicos estudam os catálogos oficiais da marca, atendo-se ao ano de lançamento, modelo e a versão do carro para evitar todos e quaisquer erros possíveis. A partir da análise e planejamento, vem a parte do orçamento.
Criar um projeto realista para a restauração de carros antigos é possivelmente a etapa mais importante do processo, já que as peças escolhidas podem ser muito caras e pesar no seu orçamento. Também é fundamental que o dono do modelo antigo guarde todas as suas peças – até aquelas que já caíram – para uma possível economia ao bolso e restauração dessas peças, impedindo sua desvalorização.
Em entrevista para o portal “Mortorshow”, Rodolpho, representante comercial da oficina Auto90, em Cotia, interior de São Paulo, afirma que o investimento para restauração de carros antigos varia entre 5 mil e 25 mil reais.
Tudo depende do estado do seu modelo, por isso o orçamento é tão relativo. Além disso, ressaltamos que, apesar de todos os avanços tecnológicos na área, o processo de restauração de carros antigos pode custar ainda mais caro devido à mão de obra manual que está fortemente envolvida no processo.
Vale a pena lembrar que, dependendo do valor, algumas oficinas aceitam pagamento parcelado. Assim, se o seu foco é restaurar o modelo antigo para revender ou apenas colecionar, a boa notícia é que seu carro será ainda mais valorizado.
A restauração mecânica é uma das ações mais importantes da restauração de carros antigos, já que é preciso desmontar o veículo e analisar as condições dos componentes mecânicos, avaliando se deverão ser trocados, restaurados ou consertados.
Além disso, o processo de funilaria e pintura também são cruciais para boa restauração de carros antigos. As condições do chassi e da carroceria são determinantes na avaliação feita pelos mecânicos, e também definem o valor do orçamento, já que, no caso de uma lataria enferrujada, sua substituta pode custar de 5 mil a 50 mil reais.
Como todo processo complexo, é preciso muita paciência, já que o tempo de restauração varia de acordo com a situação do seu carro. Se o veículo estiver bastante deteriorado, é provável que sua restauração completa demore anos. Assim, como diz o ditado, a paciência é uma virtude.
Lembramos aqui que, caso o seu carro já não tenha todas as peças, é fundamental guardá-las, pois caso se trate de modelo muito antigo, provavelmente as peças não estarão mais à venda no mercado.
Assim, a oficina, com o auxílio de uma impressora 3D, irá “fabricar” peças semelhantes às antigas. Se o número dessas peças for grande, é bom considerar um aumento no orçamento, já que o manuseio e o custo da impressora 3D não são baratos.
Após a restauração de carros antigos, é importante considerar que a experiência de dirigi-los será diferente devido à mecânica, ao funcionamento e às características de dirigibilidade do modelo recém-restaurado. Além disso, os investimentos não se restringem somente ao processo de restauração; afinal, para evitar surpresas, recomenda-se fazer uma boa manutenção.
Por fim, para dar vida àquele modelo antigo e deixá-lo em perfeito estado como antigamente, talvez seja necessário – após a parte mais técnica da restauração – procurar por peças e itens indispensáveis à estética do seu carro. Porém, mais uma vez, isso requer muita paciência e investimento do proprietário, pois algumas delas terão de ser fabricadas novamente.
Após deixar a oficina novinho em folha, é hora de pegar estrada. A não ser que você seja um colecionador, é fundamental utilizar o carro regularmente para garantir que está tudo em ordem.
Sabe quando precisamos dar aquela “esquentada no carro”? Pois bem, você também pode fazer isso com o seu novo modelo para manter a bateria sempre carregada. Ainda, passear com seu carro algumas vezes durante a semana ou nos finais de semana conta muito, pois se ficaram parados por muito tempo, os pneus ressecam e ficam quebradiços.
No entanto, ter um carro antigo restaurado não significa que o motorista pode usar e abusar da sua capacidade. É preciso respeitar a idade do veículo. Dessa forma, não adianta ser “cuidadoso”, e ao mesmo tempo ultrapassar os limites do carro.
Assim como os donos, os carros envelhecem. Portanto, não force suas capacidades, tenha noção de que seu rendimento, que, naturalmente, é bastante inferior ao dos modelos modernos. Fazendo isso, você poupa tempo, quantidade e investimento em manutenções.
Ainda que seja essencial fazer a restauração de carros antigos em uma oficina conceituada e especializada no assunto, muitos amantes desses veículos se arriscam e o fazem sozinhos, por conta própria. Lembre-se: é necessário ter conhecimento na área. A série “Restauradores de Rust Valley”, disponível no Netflix, mostra o quão difícil e trabalho pode ser essa tarefa sem um mecânico especialista e o devido investimento.
Além da tão sonhada restauração de carros, é comum os apaixonados proprietários colocarem placa preta após o processo. Criada em 1998, a placa preta é muito cobiçada, mas também de difícil acesso, pois uma série de requisitos precisam ser preenchidos para que o seu carro receba o Certificado de Originalidade.
Para isso, o CONTRAN (O Conselho Nacional de Trânsito) realiza uma inspeção minuciosa no seu veículo para assegurar sua originalidade. Assim, alguns requisitos exigidos pelo órgão são: ter sido fabricado há mais de 30 anos, ter suas características de fabricação conservadas e integrar uma coleção.
Ainda, pintura e cores fora do padrão original de época, parte interior ou exterior alteradas, rodas não originais de fábrica, parte mecânica e lataria malconservados (desde sujeira a ferrugem), reparos sem qualidade e tapeçaria suja ou encardida, são alguns dos aspectos que podem desqualificar seu carro no momento da inspeção do CONTRAN.
Porém, a sonhada placa preta não será mais preta devido à adoção do modelo das placas do Mercosul. Assim, o Brasil adotou o novo padrão e, a partir de então, as placas de colecionadores terão fundo branco e a cor das letras e dos números são cinzas.
O novo modelo de placas não agradou muito os colecionadores, pois, com o fundo branco e letras e números prateados, não há mais o destaque e glamour da cor preta, tornando-se mais difícil reconhecer um carro de colecionador. Ainda em decorrência da mudança, uma pesquisa interna do Ronco Automóvel Club de Piedade mostrou que a maioria dos colecionadores não fazem questão de obter o certificado de originalidade devido à falta da placa preta.
Por fim, se você pretende comprar um carro antigo para restaurá-lo, talvez não seja, financeiramente, uma boa opção. Para facilitar, evite carros muito raros ou que exigem uma restauração e manutenção demorada e cara. Além disso, para não cair em uma roubada, estude detalhadamente o modelo que pretende comprar, pois, dessa forma, você terá uma noção do custo e do quão trabalhosa poderá ser a restauração. E lembre-se: é fundamental a avaliação de um especialista para saber o potencial de valorização do seu modelo no mercado.
Se o desejo de restaurar seu modelo antigo está relacionado com uma memória afetiva, você pode investir nela para recuperar toda originalidade do veículo, ou apenas fazer uma boa reforma. De uma forma ou de outra, a restauração de carros antigos vale muito a pena, pois recupera não só a tal originalidade, mas também as boas lembranças de quando éramos mais jovens dentro daquele modelo.