Veja como problemas causados por falta de aterramento – o mau contato na “fase negativa” – podem afetar o seu veículo .
Ao levar o veículo para uma oficina mecânica, não é raro o (a) reparador (a) afirmar que trata-se de um “problema no aterramento”.
Mas o que significa isso? O tema soa estranho a muita gente, inclusive – arriscamos dizer – para parte dos profissionais da mecânica automotiva.
Afinal, “aterramento” vem de “terra”, uma palavra de sentido bastante amplo. Portanto, de que forma isso tem a ver com os veículos?
Saiba que os problemas causados por falta de aterramento podem afetar gravemente o funcionamento do veículo, sob diversas formas, desde o motor “morrer”, até falhas na luz de ré.
Ao longo deste texto, vamos explicar a você. Mas antes de mergulharmos mais fundo na relação com os motores dos veículos, apresentamos uma espécie de miniaula de Física, para compreendermos o conceito de aterramento e sua aplicação à eletricidade.
Falamos no início do texto que o tema é complexo, mas aposto que você, no mínimo, já ouviu o termo “fio terra”. Pois bem, aterrar um aparelho ou equipamento quer dizer que um dos fios do seu cabo de ligação está conectado com a terra. Esse, no caso, é o fio terra.
Basicamente, o fio terra é uma rota de fuga para uma possível descarga elétrica ou escape de energia. Trata-se, portanto, de um componente essencial para prevenção de acidentes envolvendo eletricidade.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aterramento elétrico significa nivelar as instalações sobre o mesmo potencial elétrico, isto é, a capacidade de atrair e repelir outras cargas elétricas.
Isso faz com que a diferença do potencial entre a terra e os equipamentos seja a menor possível.
O condutor de aterramento é aquele cujo potencial é igual a zero. No entanto, existe uma diferença entre esse nível e o nível neutro: o aterramento não altera seu valor por meio de “impurezas”.
Na verdade, o que acontece é que, pelo cabo de aterramento, essas impurezas são eliminadas para a terra. Daí o nome “aterramento”.
Questionamentos – em tom negativo – a respeito do aterramento elétrico são comuns, sobretudo vindo dos mais leigos. Esse é um risco gerado pela falta de informação, que os fazem olhar apenas para a questão da funcionalidade dos equipamentos, sem analisar o contexto completo.
Nos últimos anos, presenciamos um crescimento substancial das famosas tomadas de três pinos, que inclusive geraram polêmica quando surgiram. “Para que, afinal, serve esse terceiro pino? ”, pensavam os leigos – e talvez muitos ainda pensem.
Até porque, fios com dois pinos costumam entrar em uma tomada com 3, deixando o do meio aberto. Mas é justamente esse terceiro que cumpre o papel do fio terra. E você já deve ter percebido sua importância desde o início da leitura.
Por isso que, atualmente, a tomada brasileira padrão é aquela com encaixe para três pinos. Em casos de aparelhos que o fio terra não está conectado direto no cabo de ligação com a tomada, ele deve ser ligado ao fio terra da rede.
Muitas pessoas, no impulso, arrancam o terceiro pino. Quando for assim, é melhor comprar um adaptador, que seus problemas se resolvem.
Levantamento feito pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (ABRACOPEL) aponta um dado preocupante: mais da metade das instalações elétricas no Brasil não possuem qualquer tipo de aterramento.
Vale ressaltar que o aterramento passou a ser obrigatório em 26 de julho de 2006, pela Lei Nº 11.337. Para usarmos um exemplo do universo dos veículos, é como o cinto de segurança: obrigatório, mas nem todo mundo usa, mesmo com provas cabais trazidas pelos vários acidentes ocorridos.
Após analisar o tema de forma mais genérica, vamos agora afunilar mais essa avaliação, dando exemplos específicos sobre a eficácia do aterramento.
Com ele, é possível evitar os seguintes problemas causados por falta de aterramento.
Existe um dispositivo de segurança, que deve ser conectado ao fio terra para detectar e eliminar falhas de isolação, chamado Dispositivo Diferencial Residual (DR).
Sua função é acusar pequenas fugas de corrente em circuitos elétricos, acionando o desligamento imediato desse abastecimento, evitando acidentes.
A presença desse elemento protege contra choques elétricos quando se está em contato com partes metálicas energizadas. Ele também auxilia diante de efeitos gerados por raios, criando um caminho para o escoamento da descarga atmosférica.
O superaquecimento dos cabos condutores de eletricidade pode provocar um curto-circuito, derretendo a camada isolante dos fios. Isso faz com que se produza desde queima de equipamentos até incêndios de grandes proporções.
A maioria dos curtos-circuitos ocorre no momento em que uma grande energia liberada precisa chegar à terra, mas ao mesmo tempo a intensidade da corrente elétrica sofre grande aumento.
Nessas situações, um bom sistema de aterramento oferece um trajeto seguro para a circulação de correntes elétricas com altos níveis. Assim, reduz-se os efeitos decorrentes da falha, bem como os incêndios.
Além do calor, o verão traz no pacote intensos temporais, com direito a ventos fortes, raios e granizo. Uma das consequências disso é o corte de energia nos locais mais afetados.
Desse modo, o aterramento é importante aos aparelhos eletrônicos também para evitar queimas devido a variações de tensão, que podem chegar a milhares de volts.
A solução pode ser instalar um Dispositivo de Proteção Contra Surtos (DPS), que detecta erros na tensão elétrica. Ele direciona as elevações dessa tensão para o sistema de aterramento, impedindo a queima dos equipamentos.
Agora, sim, passada a contextualização, daremos foco ao nosso tema principal. Depois de explicar a função do aterramento nos variados sistemas elétricos, temos uma base mais sólida para entender sua relação com os veículos.
Assim como nos exemplos acima, a falta de aterramento no veículo é um problema elétrico.
No caso dos automóveis, o aterramento é realizado na lataria e no motor. O negativo da bateria liga-se a essas partes, e todo o sistema elétrico busca o negativo contido na lataria.
Lembre-se que, quando falamos “negativo”, nos referimos ao fio de carga negativa. Você leu nos itens anteriores que o aterramento consiste em equilibrar a atração e a repulsão de cargas elétricas, sendo que o seu condutor possui potencial igual a zero.
Portanto, a busca pelo negativo acontece para contrapor a presença do alto nível positivo no sistema.
Importante ressaltar um fator: problema no aterramento não te dá choque. Em um dia de chuva forte, é possível sentir isso ao tocar na lataria, por exemplo, mas pelo fato de o próprio corpo humano ser o condutor principal da energia.
Alguns dos problemas causados por falta de aterramento no veículo são percebidos quando:
Costuma-se atribuir várias razões para eles: problema em algum sensor, falha no atuador da marcha-lenta, complicações na entrada de ar ou é preciso passar o scanner para verificar. Aliás, esse último ponto merece um destaque maior.
Que fique claro: o scanner não tem o papel de dar o diagnóstico final. Não adianta acreditar no “veredito” desse aparelho e comprar determinada peça como se assim bastasse.
Quando as coisas dão errado, também não significa que o mecânico agiu de má fé. Evidentemente, como em todas as áreas, há profissionais competentes e incompetentes. Ocorre que a indicação foi feita pelo scanner, tendo o mecânico apenas seguido o que estava informado na tela.
No entanto, profissionais de maior qualidade têm a capacidade de “desafiar” o scanner, e, assim, alertar o consumidor sobre os riscos desse diagnóstico incompleto.
Portanto, embora todos esses defeitos possam de fato acontecer, a falta de aterramento deve ser igualmente – ou mais – considerada. Ela é responsável por várias dessas complicações aparentemente mecânicas ou eletrônicas.
Existem vários métodos para isso dentro do universo da reparação automotiva de modo geral. Listamos abaixo quatro opções. Confira.
Como o próprio nome já diz, essa opção permite constatar se há ou não continuidade no sistema; se as ligações dos condutores estão realmente interligadas.
Em outras palavras, o teste do multímetro é um teste de resistência (em Ohms). Caso ela seja extremamente alta, isto é, circuito aberto, nada acontece. Mas se ela for zero, trata-se de um círculo contínuo. Assim, o multímetro emite um sinal sonoro.
Outra boa alternativa é checar a carga da bateria do veículo, utilizando um voltímetro (multímetro na posição de voltagem).
No caso das motocicletas, uma bateria totalmente carregada costuma apontar 12 volts.
Na falta desse medidor, outra maneira de fazer o teste é utilizar lâmpadas com valores de corrente diferentes entre si. Para tal, você deve conectá-las ao local onde está a falha e ligar a outra extremidade ao terminal positivo da bateria.
Se a carga estiver boa, a lâmpada deverá se acender totalmente; agora, caso ela registre luminosidade reduzida, é porque o aterramento está defeituoso.
Às vezes, ter acesso ao ponto de aterramento (ou de massa) para realizar testes é uma tarefa árdua. Diante do impasse, uma das saídas é desviar esse ponto com fios ponte para ver se o erro desaparece.
Se ele realmente sumir, alguma coisa está com defeito: ou o ponto de aterramento, ou o fio de ligação.
Este teste é executado enquanto o circuito está em operação, sendo capaz de indicar onde ocorre o problema naquele momento.
Para realizá-lo, basta ligar uma das pontas do voltímetro ao ponto de massa. O próximo passo é conectar a outra ponta ao terminal negativo da bateria. Depois, deve-se energizar o circuito e checar o valor indicado no voltímetro.
Caso seja registrada uma queda brusca de voltagem, é porque existe resistência no ponto de massa, ou seja, precisa ser corrigido.
Um carro, por exemplo, possui diversos aterramentos no motor, bateria e chassis. Um parafuso solto ou um defeito na resistência podem causar problemas.
Muitas vezes, o parafuso parece bem apertado, quando na verdade está solto, gerando mau contato. Por isso, é essencial verificar a região com frequência.
A solução desse problema é simples. É preciso fixar dois elementos entre si, por meio de uma porca: o cabo para aterramento da sonda lambda e da unidade de comando ao cabo de aterramento da bateria.
Com o uso do veículo, a vibração do motor aos poucos pode afrouxar a porca que prende o contato do cabo, causando mal contato do fio negativo e, consequentemente, falhas no aterramento.
Geralmente, basta fazer o reparo apertando porcas e parafusos da lata próximo ao local defeituoso, com fios ligados a eles. Outro método é verificar se o cabo do negativo está devidamente apertado.
Tudo isso, evidentemente, levando em conta apenas as possibilidades de reparo, isto é, sem necessidade de troca. Caso a bateria ou demais componentes estejam desgastados ao limite, deve-se substituir as peças que perderam a validade.
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