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Motor V8: o que é, como funciona, e quais as suas características

Por Filtros Tecfil

Parte fundamental na composição de um veículo, o motor passou por vários aprimoramentos ao longo da história. Saiba mais sobre o motor V8, dono de qualidades que encantam os amantes de carro.

Como o próprio nome sugere, o motor V8 é o tipo que possui oito cilindros em configuração diagonal, distribuídos em duas colunas (com quatro cilindros cada), em formato da letra V.

Esse arranjo bastante específico diferencia tais motores de outros tradicionais, que trazem os cilindros dispostos em linha.

Vamos saber um pouco mais sobre esse motor que pode ser utilizado em diversos tipos de carros, adaptado a qualquer combustível, e é sinônimo de potência. Mas, antes, é importante introduzir o conceito de motor em V.

O que é motor em V?

Ao longo do tempo, foram criados vários tipos de motores para os mais diversos meios de transporte. Existem algumas categorias para diferenciá-los; duas delas são pela quantidade de tempos e pelo número de cilindros.

Atualmente, predominam no cenário nacional os motores de quatro tempos, seja pelo Ciclo de Otto ou pelo Ciclo Diesel, como você verá ao longo deste texto.

Já em relação ao formato, configurado a partir da disposição dos cilindros, temos, além do V, os modelos em linha (ou vertical), o boxer e em W. 

Nos motores em linha, os cilindros – no máximo oito – ficam lado a lado na posição vertical. É o modelo mais limitado, servindo para carros pequenos e populares. Quanto ao W, trata-se do protótipo mais complexo e caro, como um “duplo V”, especial para veículos top de linha ou superesportivos. 

Os motores V, por sua vez, carregam este nome pois trazem cilindros inclinados, alocados em dois planos diferentes, formando um ângulo entre si, o que deixa seu formato similar à letra do alfabeto.

O motor em V é mais usado em carros maiores, pois exige que o veículo tenha uma frente mais ampla. Dentro desse conjunto, temos os modelos V6, V8, V10 e V12, sendo os números indicados pela quantidade de cilindros.

O mais utilizado hoje no Brasil é o V6, aparecendo em picapes, vans e carros utilitários esportivos.

A configuração do motor V8 permite seu uso em automóveis de grande porte, utilitários leves, médios e pesados, além de embarcações marítimas e aeronáuticas.

Ford Modelo 18

Surgimento

O primeiro motor com cilindros em “V” foi criado em 1890, pelo alemão Gottlieb Daimler: um bicilíndrico com 3,7 cv de potência. A partir daí, passaram-se alguns anos até que alguém avançasse casas no tabuleiro. 

Coube ao francês León Lavasseur ser o pai do motor V8. Mas não só. Afinal, ele criou uma série de motores dispostos por cilindros, seja em modelos V8, V12, e até mesmo V32, todos arrefecidos a ar ou à água.

Porém, ainda faltava um elemento fundamental para caracterizá-los tais quais eles são hoje.

A série de Lavasseur era baseada em esquemas multiblocos; por exemplo, eram unidos dois blocos de quatro cilindros até se chegar à configuração V8. Quando a teCnologia permitiu a elaboração de um motor com bloco único, finalmente o setor automobilístico oficializou o termo V8.

Entre 1906 e 1914, a indústria norte-americana deu a largada no processo, mas a popularização do motor V8 veio de fato em 1932, ano em que a Ford lançou o seu lendário Modelo 18, que podia alcançar a velocidade de 120 km/h.

Componentes do motor V8

O funcionamento do V8 depende de componentes essenciais, cada qual com sua importância específica, e cuja atuação conjunta dá vida ao motor. Vamos às características de alguns deles.

Cilindros

Como você percebeu acima, os cilindros são as peças que, na prática, mais precisamente definem o motor V8. Todas as outras partes são construídas ao redor dele, que, portanto, é a fonte das ações do motor.

Dentro dos cilindros, ocorre a movimentação dos pistões.

Válvulas

As válvulas têm a função de regular a passagem de fluidos e gases, na medida em que elas se abrem e se fecham. O motor V8 pode contar até com 32.

Para cada cilindro, existem pelo menos dois tipos delas: uma de admissão (entrada); outra, de escape (saída). As primeiras controlam a passagem de ar e combustível – ou apenas de ar puro, no caso de veículos com injeção direta – para dentro do motor.

As válvulas de escape, por sua vez, expulsam os gases gerados pela queima de combustível.

Pistões

São eles os responsáveis pela locomoção do veículo. A título de comparação, são como a perna humana na bicicleta ao pedalar.

Quando comprimem a mistura de ar e combustível, seus trechos superiores (cabeças) movimentam-se para cima; em seguida, eles descem ao expelirem os gases resultantes da combustão. E assim sucessivamente. 

Virabrequim

Para um veículo andar, é preciso que o motor transmita energia às rodas. E o responsável por essa transferência é uma peça giratória presa ao lado de baixo do bloco, chamado virabrequim, também conhecido popularmente como girabrequim. Já uma nomeação mais técnica é “árvore de manivelas”.

Enquanto os pistões se deslocam, o virabrequim transforma o sobe-desce em movimento de rotação, ou seja, semelhante à peça que liga o pedal à engrenagem da bicicleta.

Bielas

Esses elementos possuem duas extremidades, cada uma com seu orifício. O superior comporta um pino que se liga ao pistão, enquanto o inferior conecta-se ao virabrequim.

Atuando como elos, as bielas promovem um movimento vertical na parte de cima, e lateral na de baixo.

Mancal

Atua como suporte para receber a carga do movimento vertical da relação biela-virabrequim, buscando ao máximo diminuir o atrito desse eixo. Basicamente, os mancais alojam as extremidades do virabrequim.   

Cárter

Trata-se do depósito do óleo lubrificante do motor. Nele, está localizado o bujão – um parafuso que, ao ser retirado, permite o escoamento do óleo. Nos motores de quatro tempos, como o V8, o cárter fica na parte inferior, encaixando-se à base do bloco.

Modelo de motor V8

Os quatro tempos: admissão, compressão, combustão e exaustão (escape)

No início do texto, você leu que os motores V8 operam em quatro tempos seguindo o Ciclo de Otto ou o Ciclo Diesel. O primeiro se aplica aos veículos movidos a gasolina e etanol, enquanto o segundo, como o próprio nome sugere, dispensa maiores apresentações. 

Nesses ciclos, cada tempo representa uma etapa a ser cumprida para fazer o motor funcionar. 

Na admissão, as válvulas de entrada se abrem, de modo que os pistões deixem o ponto morto superior (PMS), permitindo a entrada de ar e combustível nos cilindros, para fecharem novamente. Nesse instante, os pistões já retornaram ao ponto morto inferior (PMI).

A segunda etapa é a compressão, na qual os pistões voltam a subir. Durante esse trajeto, a dupla ar-combustível ocupa um volume bem menor, causando grande pressão.

Depois, as velas de ignição soltam uma faísca responsável pelo início da combustão da mistura comprimida, queimando-a e fazendo com que os pistões retornem ao PMI. Nessa etapa, o motor aumenta significativamente sua força.

Chegamos à fase final, já com o ar e o combustível queimados. Mas tal ação sempre deixa alguns resíduos que precisam ser retirados de dentro do motor. Por isso, quando os pistões sobem, a válvula de escape se abre, expulsando os gases residuais.

O mais interessante é pensar que todo esse complexo processo ocorre em questão de segundos, repetindo-se instantaneamente, tal qual nosso organismo durante a respiração.

De um modo tão rápido e banal, vemos a transformação da energia química (das reações da combustão) em energia mecânica (no momento em que as rodas do veículo se movem).

Prós e contras do motor V8

Uma grande vantagem dos motores de tipo V é o fato de eles serem mais compactos do que os motores em linha. Isso permite aos fabricantes elaborar um melhor design e obter melhor aerodinâmica.

Como os cilindros ficam inclinados e são colocados ao longo de dois planos concorrentes, a disposição em V forma um ângulo variável entre si, contribuindo para o centro de gravidade do carro, o que garante maior estabilidade a ele. 

Além disso, ao olhar o motor de frente, essa configuração aprimora o campo de visão do mecânico na hora em que ele troca uma peça. Em termos de manutenção, seu formato torna o motor mais compacto, viabilizando a otimização das peças e acessórios que o compõem.

O que realmente diferencia o motor V8 dos outros – incluindo os familiares V4 e V6 – é a combinação perfeita entre potência e prazer em dirigir. Isso porque o formato representa a junção de dois motores em um só, já que há cilindros nos dois lados opostos.

No tipo V8 tal característica é realçada, tornando seu ronco inconfundível. A potência garante ao motorista uma rodagem extremamente precisa, com segurança na aceleração, alterações de movimento e ultrapassagens.

Em relação ao combustível, destaca-se a flexibilidade, aceitando gasolina, etanol e diesel.

No campo das desvantagens estão principalmente o elevado preço de custo e, justamente, o alto consumo de combustível. Afinal, com tanta potência, com aquele ronco inconfundível, é natural que você precise destinar parte considerável do orçamento para abastecer seu carro. 

Agora, a atenção também se volta para as perspectivas em relação ao futuro dos motores V8, bem como dos motores a combustão interna no geral, já que, nos últimos anos, a tendência sobre os carros do futuro aponta para o crescimento da substituição por baterias elétricas.

Carros brasileiros com motor V8

Embora não se trate do tipo mais comum de motor aqui no Brasil, sua presença marcou época, deixou saudades e ainda dá suas arrancadas. 

O V8 chegou ao País no fim da década de 1950, tendo composto uma gama de modelos memoráveis que seguem cultuados por muitos. Alguns resistem, seja como figura decorativa, ou mesmo aproveitados para a restauração de carros antigos.

Confira abaixo cinco exemplos do passado e do presente:

Simca Chambord

  • Simca Chambord/Rallye/Tufão/Présidence/Jangada: o primeiro a gente nunca esquece. A montadora franco-italiana Simca deu a largada nos motores V8 no Brasil, em 1959, baseando-se no modelo francês Vedette. Assim, surgiram os modelos Chambord, Rallye, Tufão, Présidence e a perua Jangada. Todos saíram de linha dez anos depois.
Ford F-100

  • Ford F-100: este foi o primeiro carro fabricado pela Ford no Brasil. Com seu V8 Y-BLock, impressionava pela facilidade ao transportar cargas perecíveis. Em 1979, a picape foi renomeada para F-1000.
Dodge Dart

  • Dodge Dart: o maior motor V8 já produzido no País, onde chegou em 1969, derivado dos caminhões da montadora norte-americana. Atingia velocidades impressionantes (chegava de 0 a 100 km/h em apenas 12 segundos), tendo sido o carro brasileiro mais veloz na época. O modelo Dart durou até 1981.
Ford Mustang

  • Ford Mustang: Vamos agora a exemplos do presente, dono de um motor V8 5.0 de 466 cv que dispensa apresentações. Para se ter uma ideia da evolução: no exemplo acima, destacamos os 12 s que o Dodge Dart demorava para atingir 100 km/h. Pois bem, o Mustang leva míseros 4,5 segundos.
Chevrolet Camaro

  • Chevrolet Camaro: Por fim, a versão 2019 do Camaro, com seu V8 6.2 de 461 cv, que vai além, alcançando 100 km/h com três décimos de vantagem em relação ao Mustang. Só de imaginar, dá um frio na barriga!
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