Completar o radiador é um procedimento simples e comum quando vamos abastecer o veículo, mas fica a questão: preencher com líquido de arrefecimento ou água?
“Quer dar uma olhada na água?”. Essa é uma pergunta automática que todo frentista faz ao motorista após abastecer o carro no posto. A tal ‘água’ muitas vezes significa o líquido presente no radiador, cuja função é abrigar a troca de calor entre o ar e esse líquido.
Assim, o componente dissipa a maior parte do calor em excesso gerado pelo motor durante a queima de combustível. Mas, antes de nos aprofundarmos no processo em si, é importante revisar as nomenclaturas envolvidas.
Todos nós costumamos repetir termos que não necessariamente se referem àquilo que queremos mencionar. No caso da escolha entre líquido de arrefecimento ou água, isso passa pela diferença entre motores alimentados por carburador e por injeção eletrônica.
Sem mais delongas, continue a leitura para tirar suas dúvidas e saber definitivamente a opção correta.
Um dos primeiros dispositivos de alimentação de combustível da história automotiva, o carburador fez parte da grande maioria dos veículos fabricados até meados dos anos 1990.
Vamos explicar aqui sua operação. Para realizar a queima – e, por consequência, viabilizar o trabalho do motor – o combustível deve se misturar com o ar na dosagem certa (a chamada “mistura ar-combustível”). E cabe ao carburador garantir que essa combinação seja correta.
Dada sua incapacidade de se adaptar a diferentes condições de uso, o carburador impõe um elevado gasto de combustível somado à emissão de gases poluentes. Além disso, ele não permite que o motor desenvolva uma potência maior em relação àquela já esperada.
Agora, falemos da injeção eletrônica, que corresponde a uma otimização na maneira de alimentar o motor. Isso porque o sistema conta com vários sensores responsáveis por coletar informações sobre o veículo. Esses dados chegam até uma central – em outras palavras, um chip que atua como um cérebro do conjunto.
A central de dados analisa os conteúdos recebidos e os toma como base para transmitir comandos de alimentação para os atuadores (bomba de combustível, bobina de faisca, motor de passo, bicos injetores e ventoinha de resfriamento).
Hoje, dado o costume do seu uso, a injeção eletrônica tornou-se batida; mas, na época em que foi implantada, o sistema representou um importante avanço em termos de melhoria no desempenho dos veículos.
No começo da matéria, destacamos a importância de se revisar algumas nomenclaturas para definir a alternativa certa entre líquido de arrefecimento ou água.
Pois bem. Quando se fala em radiador, abre-se margem para interpretá-lo como um item isolado do conjunto ao qual ele serve, e isso é um erro.
O radiador é apenas uma parte do sistema de arrefecimento do veículo – um circuito fechado composto por 7 integrantes: sensor de temperatura; válvula termostática; bomba d’água; radiador; reservatório do fluido do radiador; aditivo, e ventoinha.
O conjunto recebe esse nome pois é ele o responsável por manter a temperatura ideal do motor, que, por si só, atinge níveis tão altos, capazes de gerar queimaduras em alguns pontos.
Para conter (arrefecer) esse calor, entra em ação o fluido (líquido) de arrefecimento, que consiste na mistura de água desmineralizada com um aditivo.
Entre outras atividades, ele possui importância vital ao aumentar o ponto de ebulição da água – ou seja, ela ferverá acima dos 100ºC – e controlar a corrosão do motor.
Você talvez deva estar se perguntando por que, mais acima, separamos uma seção para abordar isoladamente carburador e injeção eletrônica. É pela seguinte razão: somente os motores carburados podem receber água no radiador.
Veículos a injeção eletrônica, portanto, precisam obrigatoriamente da inclusão do aditivo no fluido de arrefecimento. Mas por quê?
Desde que a injeção eletrônica substituiu o carburador, grande parcela dos motores passou a operar acima dos 100ºC, devido à melhor dosagem de combustível que resulta em queimas mais completas. Dessa forma, preencher o radiador apenas com água tornou-se um enorme risco de superaquecimento.
Além disso, não estamos falando de qualquer tipo de água. Preste atenção: para essa atividade, ela não pode ser mineralizada! Água de torneira, por exemplo, contém cloro, componente bastante nocivo ao alumínio presente em diversas partes do veículo, inclusive o cabeçote do motor.
Vale ressaltar que o tipo desmineralizado é mais barato no mercado em relação àquele que compramos para consumo.
Portanto, a não ser que seu carro tenha carburador, lembre-se de fazer o pedido correto e/ou corrigir quem oferece de modo equivocado. Claro que a palavra “água”, sozinha, é mais fácil de pronunciar e há muito tempo se popularizou.
Mas fique atento para que isso não se torne um vício e o leve a completar o radiador erroneamente.
A exemplo de todos os sistemas veiculares, o de arrefecimento requer manutenção preventiva, que envolve sua limpeza e a troca do líquido. O intervalo entre as substituições vai depender não apenas de quanto o veículo roda, como também por onde ele trafega – por exemplo: tipos de vias, condições de pavimentação, modo de movimentação do volante etc.
Ou seja, pode ser uma, duas, cinco vezes por ano. Portanto, recomendamos seguir as indicações do manual do proprietário, onde você poderá tirar essa e tantas outras dúvidas a respeito da máquina que dirige.
Não existe troca correta sem antes limpar o sistema de arrefecimento. Por isso, o primeiro passo é levar seu veículo a uma oficina mecânica de confiança para manutenção preventiva.
Assim como para substituir, as informações sobre o intervalo dos reparos estão no manual do proprietário. Quanto ao procedimento em si, é essencial respeitar o tipo de aditivo a ser utilizado – este também indicado pela fabricante do veículo – , além da proporção correta da mistura entre ele e a água.
A reposição do sistema de arrefecimento requer ao mecânico algumas técnicas específicas, entre elas a de se fazer a “sangria” do conjunto. Trata-se de retirar qualquer partícula de ar de dentro do circuito, assegurando que ele seja composto apenas pela mistura entre água desmineralizada e aditivo (exceto em motores com carburador, nunca é demais reforçar!).
O cuidado para descartar o aditivo antigo deve ser o mesmo em relação ao que temos com o óleo do motor. Se você é daqueles que entendem mais do assunto e quer fazer o procedimento por conta própria, ela poderá estar em risco. A recomendação é deixar que profissionais de oficinas ou postos de combustível realizem o processo.
Além disso, não é apenas o aditivo que demanda atenção. Ela deve se estender à válvula termostática, responsável por controlar o fluxo do líquido de arrefecimento do motor para o radiador, garantindo a estabilidade da temperatura.
Geralmente, a válvula fica dentro de uma carcaça de plástico presa no motor. Isso implica que, para substituir a peça, é necessário trocar toda a carcaça, pois o plástico está suscetível a ressecar e trincar devido às alterações térmicas.
Dada a relativa complexidade, a indicação é que essa atividade também seja conduzida por um mecânico de sua confiança.
Como vimos, substituir o fluido de arrefecimento envolve o respeito a alguns métodos, como usar o aditivo indicado pelo fabricante e nunca misturá-lo a aditivos diferentes. Salientamos também outro aspecto fundamental: sempre realize a troca com o motor a frio.
O fato de o sistema de arrefecimento ser um circuito fechado não quer dizer que o nível do fluido permanecerá o mesmo para sempre. Afinal, como todo líquido, ele evapora à medida que se expõe a altas temperaturas, da mesma forma que pode vazar para outras partes.
Porém, nessas situações, não basta apenas completar com a quantidade suficiente para encher o radiador. Como ação emergencial, tudo bem. Mas, em seguida, será preciso levar o veículo à oficina para realizar uma limpeza profunda e trocar o componente.
Você pode comprar os itens separadamente e deixá-lo em garrafas dentro do porta-malas para essas eventualidades; uma com o aditivo, e outra contendo a água desmineralizada.
E fechamos por aqui! Líquido de arrefecimento ou água? Agora você sabe tudo e mais um pouco na hora de responder a essa pergunta.