Entenda o que são os veículos anunciados com o termo “carro de repasse”, e como estar atento para um bom negócio
Um momento comum na vida de todos aqueles que dirigem é o ato de vender o próprio carro ou adquirir um novo. Afinal, muito raramente uma pessoa ficará com o mesmo modelo desde o momento em que esse sai da fábrica até seu último dia de uso.
No mercado brasileiro, há várias maneiras de comprar um carro e, muitas vezes, pode ser mais economicamente atrativo adquirir um já usado. Dentre as opções, temos o chamado carro de repasse. Você sabe o que é isso?
Continue a leitura para conferir a definição, as vantagens e desvantagens de efetuar a compra.
O termo “carro de repasse” aparece em anúncios de sites de compra e venda de automóveis, que normalmente chamam atenção por apresentarem preço abaixo do mercado. Mas a grande dúvida de quem o acessa é: por que isso acontece?
O valor é tão atrativo (baixo) pelo fato de o carro estar sendo vendido no estado em que se encontra. Em outras palavras, não existe garantia alguma sobre ele, seja em relação ao motor, ao câmbio, pastilha de freio, ar condicionado, ou outro componente.
Ao comprar um veículo novo na loja, é bastante comum o cliente dar o seu antigo como parte do pagamento. Assim, o modelo usado torna-se um carro de repasse e, na grande maioria das vezes, trará um retorno financeiro muito pequeno.
A concessionária já sabe que quase sempre terá algo a ser consertado, ou que será necessária uma lavagem de especialista, entre outros fatores que trarão despesas.
Por esse motivo, a desvalorização é tão grande nessa comercialização com uma corporativa. Dessa forma, alguns buscarão uma transação com pessoas físicas.
De fato, faltam elementos para garantir aquela segurança ao comprador. Porém, embora ele possa estar assumindo um enorme risco na hora de adquirir um carro de repasse, há maneiras de se precaver diante dos possíveis cenários.
Nas lojas de veículos o carro à venda passa por revisão mecânica e reparos estéticos antes da venda, de modo que o comprador tenha maiores comprovações sobre o veículo.
É, de fato, a maneira mais segura de fazer uma aquisição; mas isso não significa que outros meios não devem ser considerados.
A venda por um particular sem oferecer garantia não é contrária ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma vez que a lei, no artigo 18 do referido texto, determina que:
“…os fornecedores de produtos duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor.”
Dessa forma, pessoas físicas não se enquadram na citação acima, podendo realizar a venda sem sua responsabilidade estar atrelada a esse artigo. Por isso, também é importante checar o nome – em mecanismos de busca – de quem vende, para não cair em golpes de má fé.
Caso uma situação inadequada ocorra, você ainda pode recorrer a meios legais, embora o particular não precise oferecer garantia. No entanto, é claro que uma pessoa deve cumprir com o que foi anunciado e entregar o prometido. Com isso, ainda haverá meios legais aplicáveis em caso de reclamação.
As concessionárias, porém, são empresas. Portanto, devem, sim, ser responsabilizadas pelo produto oferecido, mesmo que seja um carro de repasse.
Assim, quando uma loja escreve uma observação no contrato de compra e venda apontando não ser responsável por defeito posterior, trata-se de uma prática ilegal.
Essa conduta classifica-se como fora das normas legais, haja vista o artigo 51 do CDC:
“…são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos.”
De acordo com o texto, o consumidor tem direito de exigir a substituição das partes viciadas. O prazo para reclamação de defeito é de até 90 dias a partir da data da compra.
Além disso, caso o problema não seja sanado em 30 dias, é possível exigir a substituição por outro produto ou a restituição imediata da quantia paga.
Para quem sabe avaliar eventuais reparos mecânicos ou estéticos, adquirir um carro de repasse, mesmo sem garantia, pode ser uma transação bem vantajosa para ambas as partes.
O particular que vende receberá muito mais do que conseguiria na troca de um veículo em concessionária ou loja de automóveis. No outro lado, quem compra, após os reparos necessários, fez uma grande economia em comparação ao mesmo carro à venda em uma loja especializada.
Entretanto, para que essa aquisição seja realmente eficaz no quesito economia, é importante que o comprador faça uma profunda pesquisa de mercado. Essa avaliação deve privilegiar uma extensa verificação do mesmo modelo de carro, cor e ano.
Atente-se para os diferenciais de acessórios, como bancos especiais, direção hidráulica, câmbio automático, pintura, vidros elétricos, rádios, computadores de bordo, ar condicionado, dupla tração nas quatro rodas, motor turbo e outros.
Tudo isso pode alterar significativamente o preço de um veículo. Um teto solar, por exemplo, encarece bastante o valor final. Portanto, essa avaliação é necessária para que não se compre gato por lebre.
O ideal seria levar consigo um mecânico experiente na hora de verificar o automóvel. Importante também fazer o test-drive, pois eventuais barulhos e defeitos poderão ser observados durante a atividade.
Outra observação indispensável é checar a documentação do veículo. Esses itens podem variar de acordo com o estado, mas normalmente os citados abaixo costumam ser os requeridos:
Esse processo de transferência de veículos e taxa de documentos deve ser feito em até 30 dias após a sua venda. Fique atento ao prazo e a todos os itens necessários para a conclusão.
Lembrando que não é conveniente entregar o veículo sem ter recebido o pagamento. Não seja ingênuo de cair em algum golpe, mesmo que a pessoa pareça ser simpática!
Para ter a confiança da transferência e da documentação, o ideal seria contratar os serviços de um despachante.
Fique atento à sua própria situação financeira. É um risco muito grande ter despesas com o carro agora? Você teria condições de repará-lo? Analise o quanto ter um veículo parado te prejudicaria.
Caso o carro em foco apresente algum defeito significativo, ou alguma peça muito dispendiosa para ser trocada, a compra não vale a pena! É nesse tipo de situação que tudo pode virar uma bola de neve.
A partir disso, o custo final do carro de repasse consertado pode sair mais alto do que de um modelo em boas condições, revisado e mais novo.
Se você é leigo em relação a assuntos automotivos e não saberia avaliar quesitos básicos do veículo, adquirir um carro de repasse pode ser um passo maior que a perna!
Portanto, reforçamos: analise a situação a fundo, busque informações e tire suas dúvidas com quem possa entender melhor do tema.